Essa dor é emocional, mas não necessariamente relacionada ao amor ou paixão, por exemplo. Alguém que irá fazer uma prova de concurso público e pressente que não irá passar porque não está estudando o suficiente, já começa a sofrer, às vezes, antes mesmo do edital ser publicado, apesar de ser iminente.
Este sofrimento é o pior de todos, pois ele é essencialmente racional, visto que a pessoa tem conhecimento dos fatores que lhe ocasionam. A dor inevitável, aquela que nos pega de surpresa tem, geralmente, um período de assimilação menor, pois só sofreremos depois de ter ocorrido o fato doloroso.
Quando antecipamos o sofrimento, sofremos duas vezes: antes de ocorrer a causa e depois. No campo dos relacionamentos, muitas vezes conhecemos alguém, apaixonamo-nos imediatamente, e com o tempo ou logo após percebemos que aquela paixão “é confusão na certa”, ou em outras palavras, não tem futuro. Mas insistimos, qualquer razão que seja, e o vôo da paixão cega aumenta a altura da provável queda quando tudo terminar.
Pior é quando estamos cientes que estamos ganhando altura e vai acabar o combustível em algum momento, sem antes a gente aterrisar, traduzo esta imagem como sofrer por antecipação, já que temos nestes casos a clara idéia da causa da dor e da suas consequencias.
Muitos diriam que sofrer por antecipação é masoquismo, para quem gosta de sofrer. O problema é sabermos identificar que estamos diante desta situação e aceitá-la (e solucioná-la), ou seja, é bastante complexa a equação. Concurseiros “experientes” não se inscrevem em determinados concursos porque são quase impossíveis de serem aprovados e, para evitar mais um trauma na sua “carreira”, nem tentam arriscar.
No amor, a idéia deveria ser a mesma, mas os sentimentos muitas vezes atrapalham e a grande maioria acaba sofrendo por antecipação.